quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Baú da Ritinha


“Era a mesma história sempre. Ia parar no hospital, achavam que era suicídio mas não era, era overdose mesmo. Depois que minha neta nasceu e vivi esse repeteco de filho, fiquei tão careta e decidi: não quero mais, chega!”
Rita Lee, cantora, que parou de usar drogas

"Rita 50 anos de carreira ,67 de vida,esta fora dos palcos por opção"

 
Lucidez e irreverência andam juntas na cabeça de Rita Lee. Ao completar 67 anos, a cantora que marcou definitivamente o rock brasileiro pode, enfim, desfrutar da emoção de ser uma pessoa comum. Distante dos palcos por opção própria, ela passa as horas do seu dia nadando, escrevendo, cuidando dos bichos, do jardim e até mesmo faxinando a casa.  “Saudosista eu nāo sou, mas reconheço que antigamente tudo era bem mais chique.” E a língua da ex-vocalista dos Mutantes continua afiada: “Agradeço aos deuses da música por nunca ter recebido qualquer apoio cultural durante 50 anos de carreira.”
Por Denise Meira do Amaral
Glamurama – Como você se sente fazendo 67 anos?
Rita Lee – Tenho mania de adiantar o relógio e a idade. O relógio em duas horas e a idade em três anos. No dia 31 de dezembro [hoje] completo 67 e passo a declarar 70. Deve ser minha doce ilusão de poder dominar o tempo…
Glamurama – Qual a diferença entre a Rita Lee de vinte e poucos anos e a Rita Lee de hoje?
Rita Lee – Eu diria que ontem fui uma jovem burrinha e ingênua, hoje sou uma velha burrinha e safada.
Glamurama – Quais são as músicas mais marcantes da sua carreira?
Rita Lee – Qualquer lista que eu faça de “favoritos” dali a um minuto vai estar defasada. Isso vale para roupas, comidas, livros, filmes, músicas. As listas são verdadeiras enquanto duram. Neste momento que você me pergunta a música marcante é “Brazix Muamba”, uma música que pouca gente conhece. Escolhi essa no chute só para nāo ficar sem te dar uma resposta.
Glamurama – Se pudesse voltar no tempo, para onde e quando voltaria?
Rita Lee – Bem, minha máquina do tempo tem o vetor direcionado ao futuro. Mas se eu entrasse numas de voltar ao passado seria para dar uma espiada rápida na minha vidinha no começo dos anos 50.
Glamurama – Você é saudosista?
Rita Lee – Saudosista eu nāo sou, mas reconheço que antigamente tudo era bem mais chique.
Glamurama – Qual é a melhor parte de ser a Rita Lee? E a pior?
Rita Lee – A melhor parte é quando me dāo desconto por ser a Rita Lee. A pior é quando metem a faca por eu ser a Rita Lee.
Glamurama – O que o seu filho Beto Lee tem de parecido com você?
Rita Lee – Beto é parecido comigo, mas com acabamento bem melhor em todos os sentidos.
Glamurama -Qual é a sua rotina no dia a dia?
Rita Lee – Nadar, escrever, ler, cuidar dos bichos, do jardim, da casa, da horta, gravar, assistir séries de TV e filmes, compor, fazer supermercado, reciclar lixo, namorar, faxinar geral. A emoção de ser uma pessoa comum.
Glamurama – Você já disse que turnê só em outra encarnação. Por quê?
Rita Lee – Porque nesta já deu. Meus 50 anos de palco foram maravilhosos. E eu agradeço aos deuses da música por nunca ter recebido qualquer apoio cultural durante todo esse tempo.
Glamurama – Sente falta dos palcos?
Rita Lee – Falta nenhuma. Trabalhei muito para estar hoje exatamente onde eu quero.

 Por Denise Meira do Amaral

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Direto do G1





Rita Lee foi promovida. Com meio século de carreira, passou de tia a avó do rock. Ela vive meio isolada na natureza, ensina coisas para a netinha Izabella, a Ziza. A fúria e a alegria da vovó Rita Lee estão na coluna do Nelson Motta:A graça, o humor e a inteligência de Rita Lee estão comemorando 50 anos de estrada divertindo, provocando e informando várias gerações com suas letras e músicas que a colocam na seleção brasileira de compositores seja do rock ou da MPB. Rita chuta com as duas.
Conheci Rita Lee em 1967, com 20 anos, cantando com Os Mutantes e ajudando Gilberto Gil a arrematar o público do festival com "Domingo no Parque", que anunciava o Tropicalismo e a futura maior estrela do rock brasileiro.
Enfrentando o machismo, o nacionalismo e a ditadura com seu humor debochado e sua alegria, depois do sucesso com Os Mutantes, Rita se tornou a primeira popstar do rock brasileiro e a mulher de maior sucesso como compositora da MPB.
No início, Rita compunha com Os Mutantes. Depois, começou a fazer algumas músicas sozinha ou com parceiros eventuais como o futuro "mago" Paulo Coelho. Mas foi com Roberto de Carvalho que Rita encontrou a parceria perfeita de vida e arte.
Rita formatou o pop brasileiro dos anos 80 e se tornou a sua maior estrela, e consagrando um estilo marcado pela ironia, irreverência e um romantismo pop que se tornou um padrão de qualidade.
Rita Lee misturou o Rock com o Carnaval, com o bolero e com a bossa nova, sempre fiel à sua máxima: "Brinque de ser sério, leve a sério a brincadeira".
Aos 68 anos, Rita saiu dos palcos para entrar na história. Vive no meio da natureza e não dá entrevistas, mas me disse que está escrevendo a sua biografia e continua compondo bastante e que, para a sua neta Ziza, uma mistura de Vovó Donalda e Dercy Gonçalves é a sua mais completa tradução.  por Nelson Motta